segunda-feira, 3 de março de 2008

Investigadores portugueses e espanhóis ajudam a desenvolver terapias menos agressivas para a Paramiloidose


Uma equipa de investigadores de Portugal, do Instituto de Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), no Porto, e do Conselho Superior de Investigação Científica, em Madrid, está a avaliar a capacidade de algumas moléculas estabilizarem a transtirretina (TTR), uma proteína que está associada à doença neurodegenerativa Paramiloidose, também conhecida por Doença dos Pezinhos. O estudo, publicado na edição de Março da revista científica "Biochimica et Biophysica Acta - Proteins and Proteomics" conclui que podem estar mais perto os primeiros medicamentos para esta doença.

A paramiloidose é uma doença genética com grande incidência no norte do país e foi inicialmente descrita por Corino de Andrade em 1952. A proteína que está a ser avaliada, a TTR, é composta por quatro sub-unidades e circula no plasma transportando hormonas da tiróide e vitamina A.

De acordo com os investigadores, razões principalmente genéticas fazem com que esta proteína assuma uma conformação menos estável e desencadeie a produção de compostos intermédios que posteriormente formam as chamadas fibras de amilóide. Estas fibras estão presentes nos doentes que a médio prazo apresentam perda de sensibilidade a nível dos membros inferiores mas que numa fase terminal têm os seus rins e o coração afectados.

Até aqui, as terapias utilizadas nos pacientes com esta doença resumiam-se praticamente ao transplante de fígado, principal órgão produtor da proteína. Além de ser extremamente agressivo, este método implicava outras dificuldades como as listas de espera.

Segundo os investigadores, a descoberta de tratamentos alternativos é essencial. O objectivo do estudo agora publicado, que se insere numa abordagem menos invasiva, foi avaliar a capacidade de estabilização da TTR pelo uso de derivados iodados do ácido acetil salicílico (a vulgar aspirina). A equipa demonstrou e conseguiu perceber porque é que ao introduzir átomos de iodo naquele fármaco aumentava a estabilidade da proteína.

O composto iodado, explicou Luís Gales autor do artigo, introduz-se no centro da TTR e aí estabelece ligações entre as sub-unidades da proteína, ou seja, funciona como âncora, conferindo estabilidade e impedindo a sua alteração.

Segundo Ana Margarida Damas, investigadora do IBMC e ICBAS da Universidade do Porto e coordenadora deste trabalho, o artigo agora publicado abre caminho para o desenho de novos fármacos destinados a esta doença


Fonte: http://www.cienciahoje.pt

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